Copa Libertadores da América 1981
- Historia da Conquista:
Em 1980, o Flamengo conquistou pela primeira vez o Campeonato Brasileiro. Nesta época, apenas o campeão e o vice-campeão do Campeonato Brasileiro se classificavam para a Libertadores, o que valorizava ainda mais aqueles times que conseguiam chegar à disputa. Além disso, nos grupos de quatro times na primeira fase, somente o primeiro colocado garantia passagem para a segunda fase. E sem contar que as arbitragens sempre prejudicavam demais as equipes brasileiras. Ganhar a Libertadores era vencer uma guerra.
Em 1981, o Flamengo inicia a disputa enfrentando o Atlético Mineiro no Mineirão. Havia um grande clima de revanche, devido a perda do Campeonato Brasileiro para o Flamengo. O Atlético tinha um grande time, mas não tinha grande domínio dos próprios nervos. Na primeira partida, o Atlético chegou a fazer 2 x 0 no placar, mas o Flamengo reagiu e empatou com um gol de Nunes e um gol do zagueiro Marinho, no último minuto de jogo.
Os próximos adversários seriam os paraguaios do Olímpia e do Cerro Porteño. Jogando no Maracanã, o Flamengo vence o Cerro Porteño com facilidade por 5 x 2, mas cede o empate ao Olímpia, o que era considerado um tropeço. No jogo de volta, Flamengo e Atlético Mineiro fizeram um grande jogo no Maracanã. O Atlético saiu na frente, mas Nunes e Tita viraram o placar. Infelizmente, Reinaldo empata a partida no final. No Paraguai, o Flamengo vence novamente o Cerro Porteño com facilidade, por 4 x 2, mas volta a empatar com o Olímpia, por 0 x 0. Por sorte, o Atlético Mineiro também havia perdido pontos e terminou empatado com o Flamengo na classificação. Foi marcado um jogo extra para definir o classificado para a segunda fase.
Em 21 de agosto, Flamengo e Atlético jogam no estádio Serra Dourada, em Goiás, que apresentava o gramado pintado em quadrados, o que era uma grande novidade para época. A partida começa muito disputada e com o Atlético Mineiro jogando um pouco melhor. Aos 26 minutos do primeiro tempo, ocorre uma falta violenta de Éder sobre Zico e o árbitro José Roberto Wright expulsa o jogador do time mineiro. Foi aí que o caldeirão explodiu. O time do Atlético perde totalmente a cabeça e logo após, Reinaldo e Palhinha são expulsos. Após grande paralisação, onde o clima estava quente também nas arquibancadas, o árbitro expulsa também Chicão e Osmar por tentar fingir contusões e o jogo chega ao fim aos 33 minutos do primeiro tempo, por falta de número legal de jogadores do Atlético.
Foi um prato cheio para aqueles que vivem de menosprezar os feitos do Flamengo. Muitos disseram que o árbitro José Roberto Wrigth havia agido de má fé. Mas a verdade é que o time do Atlético era emocionalmente muito instável e muitas vezes violento. Quem não se esquece que Palhinha havia fraturado a mandíbula de Rondinelli no ano anterior. E que Chicão tinha uma folha corrida longa no que diz respeito a violência. Ele foi o grande responsável por acabar com a carreira do jogador Ângelo do Atlético Mineiro, quando Chicão jogava pelo São Paulo, na decisão do Campeonato Brasileiro em 1978. Com isso, o caso foi parar nos tribunais da Confederação Sul-americana, que deu ganho de causa ao Flamengo, que seguiu em frente na competição.
Na segunda fase, o Flamengo jogou contra o boliviano Jorge Willsterman e o colombiano Deportivo Cali. E o Flamengo derrotou seus adversários no Brasil e no exterior. Com isso, o Flamengo se classificou para a final contra o Cobreloa do Chile, até então um time desconhecido de todos. Na primeira partida, jogada no Maracanã em 13 de novembro, o Flamengo chegou a fazer 2 x 0 no primeiro tempo, com dois gols de Zico, mas permitiu a reação dos chilenos, que fizeram um gol no segundo tempo, por intermédio de Merello.
Em 20 de novembro, o Flamengo foi ao estádio Nacional de Santiago, para enfrentar o Cobreloa. O clima era terrível. O Chile vivia a sanguinária ditadura de Augusto Pinochet e foi criado um clima nacionalista, onde cada jogador era como um soldado que iria defender a pátria(recurso muito utilizado pelas ditaduras sul-americanas, inclusive no Brasil). Soldados armados com metralhadoras e com cães ferozes foram utilizados para criar um clima de medo para os rubro-negros. O próprio estádio Nacional tinha uma aura de terror, pois ele foi utilizado como prisão e muitos foram fuzilados ali. Uma triste lembrança.
O Flamengo foi a campo utilizando seu uniforme número dois e o empate bastava para ser campeão. O jogo foi uma verdadeira guerra. O time do Cobreloa era muito violento e utilizava de recursos sujos para intimidar. Havia um zagueiro chamado Mario Sotto, que jogava com uma pedra na mão. Nas jogadas divididas, ele lançava a mão nos rostos dos rubro-negros e a pedra fazia o estrago. Foi assim que Lico e Adílio tiveram seus rostos cobertos de sangue. Júnior foi pisado na coxa, quando estava caído. E tudo acontecendo com a complacência do árbitro peruano Ramon Barreto, que era conhecido no Brasil, como Raton Barreto. Aos 33 minutos do segundo tempo, uma falta cobrada por Merello resvala em Leandro e desloca Raul. O Flamengo tomava o gol e teve que se virar para agüentar a pressão até o final do jogo. Com a derrota, o Flamengo teria que jogar uma partida decisiva no estádio Centenário de Montevidéu.
Em 23 de novembro, o Flamengo entra em campo sem Lico, que não se recuperou da selvageria chilena. Adílio jogou com um grande curativo. A arbitragem ficou por conta do uruguaio Roque Cerullo. O time do Flamengo entra em campo com seu uniforme rubro-negro, que causou algumas curiosidades. Não havia o logotipo da Adidas e os números eram enormes. O Cobreloa jogou com seu uniforme principal, todo cor de cobre. A partida começa com o Flamengo tentando impor seu toque de bola mais refinado. O Cobreloa tentava parar os jogadores rubro-negros com faltas, muitas vezes violentas. O árbitro Roque Cerullo fazia uma excelente arbitragem e punia as faltas chilenas. Aos 17 minutos, Tita cobra um lateral. Andrade e Adílio tabelam e a bola chega a Zico, que fuzila o goleiro Whirt. Logo depois, Alarcon entra criminosamente em Adílio e é expulso. Pena que Andrade revida uma outra falta e também é expulso. No final do primeiro tempo, Júnior salva o gol de empate em cima da linha.
Na segunda etapa, o Flamengo envolve o Cobreloa com seu grande toque de bola e chega a perder grandes chances de gol. Aos 31 minutos, Tita lança Adílio, que iria entrar na cara do goleiro, que na entrada da área toca a mão na bola. A falta é marcada e Zico ajeita a bola com carinho. A barreira é colocada dentro da área. Zico corre para a bola e chuta. A bola passa pela barreira e entra no ângulo esquerdo do estático goleiro Whirt. Zico sai comemorando intensamente o gol. Ele costuma dizer que este foi o gol mais importante de sua careira.
Mas faltava uma coisa. A forra sobre o zagueiro das pedradas. Aos 37 minutos, Paulo César Carpegiani tira Nunes e coloca Anselmo em campo. A ordem era: “vai lá e dá uma porrada no Mario Sotto”. Quando a bola estava no campo do Flamengo, Anselmo se aproxima do zagueiro e desfere um soco tão violento, que leva a nocaute o chileno. O tempo fechou e os jogadores do Cobreloa correm para cima de Anselmo, que sai de campo preso. Após grande paralisação, Mario Sotto, Jimenez e Anselmo são expulsos de campo. O jogo recomeça e o Flamengo consegue levar o resultado até o final.
O Flamengo conquistava a América, após ter passado por uma verdadeira guerra. Com isso, o Flamengo estava habilitado para decidir o título mundial com o Liverpool da Inglaterra.
- Numeros da Campanha:
Jogos: 14
Vitórias: 08
Empates: 05
Derrotas: 01
GP: 28
GC: 13
- Campanha:
1ª Fase
1ª Rodada - 03/07 - Flamengo 2 x 2 Atlético MG (Brasil)
Local: Mineirão, Belo Horizonte (Público: 63.153)
Gols: Éder (28min1T) e (18min2T), Nunes (20min2T) e Marinho (40min2T)
Time: Cantareli, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade (Fumanchu (Figueiredo)), Vítor e Zico; Tita, Nunes e Baroninho.
Téc: Paulo César Carpegiani
2ª Rodada - 14/07 - Flamengo 5 x 2 Cerro Porteño (Paraguai)
Local: Maracanã (Público: 25.967)
Gols: Zico (19min1T) e (26min1T), Baroninho (2min2T), Julian Giménez (7min2T), Nunes (16min2T) e (19min2T), e Julio dos Santos (45min2T)
Time: Cantareli, Leandro (Carlos Alberto), Marinho, Mozer e Júnior; Figueiredo, Adilio (Chiquinho) e Zico; Tita, Nunes e Baroninho.
Téc: Paulo César Carpegiani
3ª Rodada - 24/07 - Flamengo 1 x 1 Olímpia (Paraguai)
Local: Maracanã (Público: 38.718)
Gols: Adilio (22min1T) e Alicio Solalinde (16min2T)
Time: Cantareli, Leandro, Marinho (Rondinelli), Figueiredo e Júnior, Vítor, Adilio e Zico; Tita, Nunes e Baroninho (Carlos Alberto).
Téc: Paulo César Carpegiani
4ª Rodada - 07/08 - Flamengo 2 x 2 Atlético MG (Brasil)
Local: Maracanã (Público: 62.763)
Gols: Palhinha (17min2T), Nunes (22min2T), Tita (24min2T) e Reinaldo (34min2T)
Time: Raul, Leandro, Rondinelli, Mozer e Júnior; Vítor, Adilio e Zico; Tita, Nunes e Baroninho (Chiquinho).
Téc: Paulo César Carpegiani
5ª Rodada - 11/08 - Flamengo 4 x 2 Cerro Porteño (Paraguai)
Local: Estádio Defensores Del Chaco, Assunção (Público: 13.000 (estimado))
Gols: Baroninho (7min1T), Zico (6min2T) e (15min2T), Milton Acosta (19min2T), Zico (26min2T) e Eugenio Jiménez (38min2T)
Time: Raul, Leandro, Rondinelli (Figueiredo), Mozer e Júnior; Vítor, Adilio e Zico; Tita, Nunes e Baroninho (Chiquinho).
Téc: Paulo César Carpegiani
6ª Rodada - 14/08 - Flamengo 0 x 0 Olimpia (Paraguai)
Local: Estádio Defensores Del Chaco, Assunção (Público: 25.000 (estimado))
Time: Raul, Leandro (Carlos Alberto), Figueiredo, Mozer e Júnior; Vítor, Adilio e Zico; Tita, Nunes e Baroninho (Chiquinho).
Téc: Paulo César Carpegiani
Jogo Desempate - 21/08 - Flamengo (W.O) Atlético - MG
Local: Estádio Serra Dourada, Goiânia (Público: 71.157)
Explusões: Reinaldo, Éder, Chicão, Palhinha e João Leite.
Time: Raul, Leandro (Carlos Alberto), Figueiredo, Mozer e Júnior; Vitor, Adilio e Zico; Tita, Nunes e Baroninho (Chiquinho).
Téc: Paulo César Carpegiani
Obs.: O jogo foi encerrado aos 37 minutos do 1º tempo pois 5 jogadores do Atlético foram expulsos de campo pelo juiz e 2 jogadores simularam contusões. Com isto o Atlético ficou sem nº legal de jogadores e o Flamengo foi considerado o vencedor da partida.
2ª Fase
1ª Rodada - 02/10 - Flamengo 1 x 0 Deportivo Cali (Colômbia)
Local: Estádio Pascual Guerrero, Cali (Público: 50.000 (estimado))
Gol: Nunes (10min1T)
Time: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adilio e Zico; Tita, Nunes (Lico) e Baroninho.
Téc: Paulo César Carpegiani
2ª Rodada - 13/10 - Flamengo 2 x 1 Jorge Wilstermann (Bolívia)
Local: Estádio Felix Caprilles, Cochabamba (Público: 32.000 (estimado))
Gols: Baroninho (13min1T), René Melgar (8min2T) e Adilio (19min2T)
Time: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adilio e Zico; Chiquinho (Lico), Nunes e Baroninho (Nei Dias).
Téc: Paulo César Carpegiani
3ª Rodada - 23/10 - Flamengo 3 x 0 Deportivo Cali (Colômbia)
Local: Maracanã (Público: 28.847)
Gols: Zico (10min1T), Chiquinho (12min2T) e Zico (37min2T)
Time: Raul, Leandro (Nei Dias), Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adilio e Zico (Peu); Chiquinho, Nunes e Baroninho.
Téc: Paulo César Carpegiani
4ª Rodada - 28/10 - Flamengo 4 x 1 Jorge Wilstermann (Bolívia)
Local: Maracanã (Público: 7.520)
Gols: Gastón Taborga (2min1T), Nunes (18min1T), Adilio (38min1T), Anselmo (42min2T) e Chiquinho (44min2T)
Time: Cantareli, Nei Dias, Figueiredo, Marinho e Júnior (Lico); Andrade, Adilio e Tita; Chiquinho, Nunes (Anselmo) e Baroninho.
Téc: Paulo César Carpegiani
Final
1º Jogo - 13/11 - Flamengo 2 x 1 Cobreloa (Chile)
Local: Maracanã (Público: 93.985)
Gols: Zico (12min1T) e (30min1T), e Victor Merello (20min2T)
Time: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico (Baroninho).
Téc: Paulo César Carpegiani
2º Jogo - 20/11 - Flamengo 0 x 1 Cobreloa (Chile)
Local: Estádio Nacional, Santiago (Público: 61.721)
Gol: Victor Merello (39min2/T)
Time: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes (Nei Dias) e Lico (Baroninho).
Téc: Paulo César Carpegiani
3º Jogo - 23/11 - Flamengo 2 x 0 Cobreloa (Chile)
Local: Estádio Centenário, Montevidéu (Público: 30.200 (estimado))
Gols: Zico (18min1T) e (39min2T)
Time: Raul, Nei Dias, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adilio e Zico; Leandro, Nunes (Anselmo) e Tita.
Téc: Paulo César Carpegiani
- Dados da Campanha:
Time-base: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adilio e Zico; Tita, Nunes e Baroninho
Banco: Cantareli, Nei Dias, Marinho, Vítor, Chiquinho, Anselmo e Lico
Artilharia: Zico (11), Nunes (6), Adilio (3), Baroninho (3), Chiquinho (2), Marinho (1), Tita (1) e Anselmo (1)
Participação:
14 jogos: Júnior e Nunes
13 jogos: Leandro, Adilio, Zico e Baroninho
12 jogos: Figueiredo, Mozer e Tita
10 jogos: Raul
8 jogos: Andrade e Chiquinho
6 jogos: Vítor
5 jogos: Nei Dias, Marinho e Lico
4 jogos: Cantareli e Carlos Alberto
3 jogos: Rondinelli
2 jogos: Anselmo
1 jogo: Fumachu e Peu